sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O afogar do desespero



Ao meu lado inúmeros lenços encharcados, abaixo a mesa aonde debulhei em lágrimas. Havia um rio ali, a vontade era de, se fosse possível, me afogar dentro dele. Queria fugir da realidade que conseguiu me devastar então pouco tempo. Queria entender como pode tudo isso acontecer, logo comigo, que tanto zelei, tanto cuidei, tanto mimei e lutei por este amor. E tinha que ser justamente hoje? O sol que tinha sumido a dois dias  reapareceu do nada entre as frestas da minha janela tinha aquecido e iluminado os meus pensamentos, estava me sentindo florida em felicidade. Até que a relidade vem, e te consome, e te engole, e te mostra um lado que nunca imaginaria. O ar some, você começa a se sentir sufocada, as lágrimas começam a cair. Você lê uma vez, lê a segunda, e quando lê a terceira vez é o ponto final, a mágoa e raiva se unem e te transformam em um ser depressivo e capaz de atacar tudo que aparecesse na sua frente. A gente tenta se controlar, 1, 2, 3, respira. A gente tenta entender o motivo de tanto desrespeito, 1, 2, 3, inspira. A gente tenta, eu tentei. Me desculpe, mas não sou de pedra. Me desculpe se eu esperei demais. Pensando bem, quem sou para ficar pedindo desculpas? Me peça perdão, e agora! Não sei, não sei se irei te perdoar, sabe como é, preciso de tempo, preciso pensar.
A sensação era de que tinha me tornado o Polo Norte, tão fria, tão só. Mas a mágoa aqui dentro não me deixava buscar o que o meu coração pedia enlouquecidamente. Até que você fica um tempo longe de qualquer possível forma de comunicação. Sim, a luz faltou, derrepente aquela escuridão tomou conta em apenas um segundo. Tudo o que queremos nesse momento é aquela mão estendida, que logo em seguida contribui com um abraço e um susurro no ouvido dizendo: ''Psiu, calma, eu estou aqui e nada vai te acontecer.'' Aonde estava a ''minha'' mão? Havia me esquecido que a tinha mandado ir embora. E agora? Fiquei com tanto medo, me acostumei a tê-la sempre comigo.
Nos pequenos detalhes notei tamanha a importância dessa bela criatura. Se não consegui sobreviver a alguns pequenos minutos sozinha, me imaginei em todo o resto. O coração nesse momento acelera, te faz correr. Busca telefone, busca msn, busca tudo. Busca incansável daquele amor que te magoou e te fez sofrer, mas que possui tamanho afeto. Porque não recomeçarmos? Eu acredito em ti, você acredita em mim. Começaremos lentamente, passo por passo, sem deslizes nem tropeções que nos devolvem um susto com lágrimas.

Como diz o meu querido Caio Fernando Abreu:
''Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar. Re-amar. Amar.''

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