quinta-feira, 15 de março de 2012

Mudanças




''Aqui estão as chaves. O interfone está com problemas viu? Mas já iremos resolver logo. E cuide sempre a porta de saída, sempre a deixa trancada. Tu que é do interior deve estar acostumada a deixar tudo aberto não é? Pois então, aqui a situação é diferente, guriazinha. Não se preocupe, o pessoal do seu bloco é bem legal viu? Garanto que vai se dar bem com todos.''
Avisos, avisos, e mais avisos. E eu simplesmente querendo segurar as chaves da minha ''independência''. Queria pegar o elevador, abrir a porta e enxergar o meu cantinho. E consegui.
Pequenino (como eu), mas adorável. Planos e mais planos para transformar ele em um lar.
''Mãe, quero uma cama box bem grande, só pra mim! E não se esqueça dos meus pratos pretos com as bordas cheias de bolinhas brancas!''
O cantinho foi se montando aos poucos, e assim, aos poucos, fui me encontrando nele.
Chegou o dia. Malas prontas. Lista na mão para verificar todos os itens, sem esquecer nada.
Ansiedade. Chego em frente a entrada do bloco, pego minhas chaves e abro a porta da rua. Maldita porta que faz um barulho horrendo! Certamente para avisar todo mundo quando alguém está saindo.
Lotar um elevador com malas e sacolas nunca foi tão fácil. Chego em meu andar, e vou em direção a porta do apartamento. Mal sabia qual chave usaria para abrir. Não acredito, mais uma porta com um barulho péssimo! Dou o primeiro passo para dentro e já sinto no estômago a mistura de felicidade/tristeza.. Tchau mãe, tchau pai, tchau irmã. Prometo me cuidar.
A primeira caminhada para o primeiro dia de aula em um mundo totalmente desconhecido. Para ajudar, com uma sensação térmica que beirava os 40ºC. Felizmente, foi tranquilo. Me senti realizada. E assim, os dias vão se passando em um piscar de olhos, que em certos momentos parecem uma eternidade.
Não, eu nunca esqueci de trancar as portas, a garotinha do interior tem nem que seja uma pequena noção desse mundo. O interfone ainda não foi concertado. E eu não conheço nem 1% das pessoas que moram lá. E a minha cama box casal confortável? Tem dias que sinto saudades de quando era uma cama de solteiro em um quarto com paredes de cor de lilás, com uma janela de onde se enxergava a praia.
Tudo são escolhas. Viver já é uma escolha. Eu optei por mudanças. E estou passando por elas. Calmamente, vou me moldando. Passos pequenos, dados com carinho, com uma pitada de curiosidade. Mas sempre, com os pés no chão.
Ainda não se completou nem um mês de minha mudança. Mas meus pequeninos olhos já enxergam muitas ainda a vir por aí..

3 comentários:

  1. Mudar é preciso. Mudar de casa, de roupa, de amigos, de amores. O problema é que ninguém nasce sabendo disso. Quando somos crianças acreditamos na eternidade das pessoas, do nosso lar e da nossa vida. E eu sei que pra encarar tudo isso precisa de muita maturidade, precisa ter uma visão adulta do mundo, aquela que tanto queremos ter e tanto medo temos quando ela se torna necessária. Tu vai ver que é uma nova vida e que mesmo com as saudades, tu vai te sentir realizada em ver que tu cresceu e está alcançando todos os teus sonhos, pouco a pouco, como tem que ser. Não preciso dizer que mais uma vez as tuas palavras me emocionaram, mais um texto maravilhoso! Te amo e tô com saudades :(

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  2. amei , amei, em um dos meus blogs. falei sobre a necessidade dessa experiencia de mudança, que sempre volto atras da uma olhadinha lá

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    1. E aí guria, foi mal a demora. Pelo o que tem visto, quase não atualizo né? Dei uma olhada no teu blog! Volte sempre, e um grande beijo! :)

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